Esse artigo traz a descrição sobre a cenografia no ambiente teatral, que envolve vários símbolos, normalmente baseados em um texto da peça de teatro; o cenário está relacionado com a criação da atmosfera desejada no espetáculo e não abrange apenas uma estrutura física, mas sim todo o período do espetáculo — podendo, inclusive, ser modificada ao longo da apresentação. O cenário tem como objetivo trazer sensações para o público.
Como todo fundamento do teatro ocidental, a cenografia tem origem no teatro grego,
aproximadamente no século V a.C.. Os teatros gregos foram construídos nas encostas de colinas, compostos pelo theatron (local destinado ao público, “lugar de onde se vê”) e pela orchéstra (área circular onde o coro atuava). Nos primeiros teatros, uma tenda localizada em oposição frontal ao público recebia o nome de skené. A skené, “na tangente da primitiva arena grega, foi o primeiro elemento estrutural introduzido no espaço cênico, seguindo-se, ao longo da história, por número crescente de recursos destinados à delimitação da área de representação” (Souza, 2003, p.32). Essa tenda era utilizada para os atores trocarem de roupa e servia de local para guardar o figurino. Mais tarde, evolui para uma construção em pedra, acrescida, posteriormente, de outros elementos arquitetônicos. A construção de pedra ganhou colunas, portas e uma plataforma onde os atores desenvolviam as cenas das tragédias e comédias gregas. Durante o período em que a skené ainda era uma tenda de lona, sobre ela era aplicada uma pintura, graphos, representando, ao que tudo indica, a fachada de um palácio ou
templo. Graphos somada a skené vai produzir a palavra cenografia.
Atualmente o cenário, a cenografia em um modo geral, envolve vários símbolos,
normalmente baseados em um texto da peça de teatro; o cenário está relacionado com
a criação da atmosfera desejada no espetáculo e não abrange apenas uma estrutura
física, mas sim todo o período do espetáculo — podendo, inclusive, ser modificada ao
longo da apresentação. O cenário tem como objetivo trazer sensações para o público.
Utilizando alguns materiais como arranjo expressivo de um espaço arquitetônico, no qual os diversos materiais (telões, bambolinas, bastidores, móveis e adereços) como painéis de fundo, mobiliário, cores, identidade visual, iluminação e quaisquer outros elementos visuais estão inseridos nesse contexto de efeitos cênicos (formas, luzes, cores e sons) estão destinados a criar a realidade visual ou a atmosfera do ambiente onde decorre ações na cena.
Muito mais do que decoração e ornamentação, a cenografia é parte importante do espetáculo, pois ela ambienta e ilustra o espaço/tempo materializando o imaginário e aproximando o público da representação.
Então ate aqui já entendemos que o cenário é composto pelos objetos e pelos elementos visuais que irão compor a cena. Mas precisamos diferenciar o cenário do espaço da cena, que pode ser um palco de um teatro, a rua, um barco ou uma sala de aula. O espaço onde a cena ocorre, com toda certeza, define parte das características da cena. Sendo assim o profissional chamado “cenógrafo” é aquele que cria o cenário, a arte e técnica de criar, projetar e dirigir a execução de cenários para espetáculos de teatro, cinema, televisão e shows. Permite a preparação de ambientes para serem filmados (pintura, mobiliário, decoração, objetos, etc.) e/ou servirem de palco para acontecimentos de variadas naturezas.
Mas um grupo de teatro amador tem profissional para criar a cenografia?
Muitas vezes não. Por isso é importante à participação dos alunos/atores, na elaboração que pode ocorrer com todo o grupo. Esse cenário precisa aparecer no decorrer de todo o trabalho de experimentação desde os ensaios para dialogar com o trabalho dos atores para a construção da cena. No teatro, a noção de representação pode estar no ator que interpreta um personagem ou pode estar também no espaço cênico. A representação é algo que se coloca no lugar de uma ausência, “é o fenômeno mais geral, o que permite ao espectador ver ‘por delegação’ uma realidade ausente sob
forma de um substituto” (Aumont, 1995, p.10).
A cenografia tem um papel dentro dos museus também.
Está intimamente associada ao teatro, contudo ela não pode existir sem uma estreita ligação com as artes visuais e a arquitetura. Atualmente, os museus investem, cada vez mais, em espaços flexíveis que possam ser modificados e adaptados a cada novo projeto curatorial. A cenografia de exposições é um recurso que se constrói no espaço para oferecer ao visitante uma experiência sensível do conteúdo escolhido por meio da cor, dos percursos e das imagens.
Na cenografia, a representação não está limitada à substituição de um original: ela é também um elemento narrativo, um auxiliar que permite situar espacial e temporalmente o tema abordado por um texto teatral ou por uma exposição.
Rafaela Federici
Arte Educadora/ Atriz
Referências
SOUZA, N. A roda, a engrenagem e a moeda: vanguarda e espaço cênico no teatro de Victor Garcia no
Brasil. São Paulo: Unesp, 2003.
http://arquitetoeurbanista.weebly.com/uploads/6/8/3/8/6838251/ta487_e-07a.pdf - Cenografia de
Antonio Castelnou - Acessado no dia 24/06/2020 as 16:04 horas.
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