top of page
Foto do escritorCaio Cuadrado

TEATRO - O Figurino no universo artístico.

Atualizado: 12 de fev. de 2021

Desde o inicio da humanidade o ser humano enfeita-se para a realização de

diferentes rituais, utilizando elementos da natureza ou materiais

confeccionados a partir dela. E com o passar do tempo os trajes foram

mudando ao longo do tempo e a arte também.

Figurino é a roupa usada por um personagem de uma produção artística

(teatro, cinema, programa de TV ou vídeo) e o figurinista é o profissional que

idealiza ou cria o figurino. É necessário que o figurinista conheça a fundo a

história a ser tratada no trabalho, pois o figurino tem que revelar muito dos

personagens. Com isso temos que entender que figurino não é somente um

simples elemento; porque sua concepção baseia-se em vestir e compor o

personagem conforme foi definido pelo texto do autor, pela leitura

dramatúrgica.


Figurino como narrativa não verbal.

Existe uma busca por elementos que consigam transmitir os significados da

personalidade de cada pessoa, produtos e artefatos que passam a ser

compreendidos como símbolos e que servem para o usuário como forma de

constituir significados que causem reações a quem observa. De acordo com

Garcia e Miranda (2010) isso faz com que o vestuário se torne uma forma de

se assemelhar ou distinguir, inserir ou excluir os outros diante da identificação

dos significados transmitidos. O vestuário deixa de ser funcional, não serve

apenas para cobrir e proteger, ganha status de meio de comunicação - uma

linguagem que não é falada.

Essas ações resultam no gerenciamento e manipulação de imagem do

personagem que quando bem administradas permitem usar os significados das

roupas para benefício da compreensão e interligação ente personagens e

enredo, conseguindo ajudar o ator a se transformar em outra pessoa, o

personagem da narrativa. Daí a importância do figurinista, pois cabe a ele fazer


do figurino um dos elementos indispensáveis que ira ser ponto de comunicação

e passível de interpretação diante o observador, o figurino contendo códigos e

significados transmitindo mensagens e emoções ao espectador tornam-se um

meio de comunicação ente narrativa, ator e espectador.

De acordo com Scholl, Del-Vechio e Wendt (2009) os signos comunicam os

significados e ajudam a identificar o psicológico dos personagens, segundo os

autores: A roupa não é capaz de transmitir somente o conteúdo manifesto, mas

sim aspectos latentes da personalidade da pessoa, inferidos de acordo com

sua apresentação. Estes signos é que são responsáveis pelo adequado

delineamento do perfil psicológico da personagem – se esta é arrogante,

simplória, narcisista, agressiva, etc.

Os figurinos trazem um sentido mais claro e uma função na caracterização de

diferentes tipos de personagens. Integram e diferenciam, excluem ou acentuam

comportamentos, conceitos e ideologias (ABRANTES, 2001). Mesmo com

significados e símbolos o figurino não faz o personagem sozinho é necessário

algo mais, o ator, que usa seu corpo para vesti-lo, é necessário que ele entre

em cena para expor essas mensagens. É uma relação de interdependência

entre figurino, ator e narrativa.

A caracterização faz com que o ator dê vida ao personagem diante da

interpretação da cena, ou seja, a roupa torna-se um tipo de suporte técnico que

consegue situar a história e mostrar sentimentos, gostos, estilos por meio das

cores, formas e também texturas usadas na configuração do figurino; que dá

respaldo à história narrando-a como elemento comunicador;

[...] marcando época dos eventos, o status, a profissão, a idade da personagem, sua

personalidade, sua visão de mundo, ostentando características humanas essenciais e

visando à comunicação com o público (BUSTAMANTE, 2008, p. 69).

O figurino de um personagem pode mudar de configuração e linguagem dentro

de uma mesma história, esse artifício é usado como forma de transmitir

mudanças psicológicas, de narrativa e de significação do personagem. Essa

mudança do figurino para seguir a evolução dos personagens na trama é uma


condensação do que se parece um paradoxo, algo que parece impossível que

é “transformar sem perder a unidade” (ARRUDA; BALTAR, 2007, p.22).

Costa (2002, p.39) diz que o figurino pode ser: No modo sincrônico, figurino

molda o ponto histórico em que a narrativa se insere. Um figurino realista

resgata com exatidão e cuidado as vestimentas da época cuja obra visa

retratar; um figurino para-realista, enquanto insere o filme em determinado

contexto histórico, procede a uma utilização que prevalece sobre a precisão,

criando uma atmosfera menos real e mais manipulável, atemporal.


Ele nos apresenta uma diversidade de linguagens cada qual com seu vocabulário e

sua gramática. É um conjunto de sinais, em que uma peça de vestuário muitas vezes

ocupa papel decisivo (ARRUDA; BALTAR, 2007, p.14).


Com essas afirmações fica claro que o figurino faz parte da simbologia

ajudando na construção da cena, da narrativa e da estética da cena. Estética

essa que faz parte essencial do projeto final é o que muitas vezes se torna a

principal característica de identificação da obra e de produtos que sejam

relacionados a ela.


Rafaela Federici

Arte Educadora/ Atriz.


Referências

Roteiro do Museu do Teatro, 2008.

ARRUDA, Lilian; BALTAR, Mariana. Entre tramas, rendas e fuxicos: o figurino na

teledramaturgia da TV Globo. São Paulo: Globo, 2007

SCHOLL, Raphael Castanheira; DEL-VECHIO, Roberta; WENDT, Guilherme Welter.

Figurino e Moda: Intersecções entre criação e comunicação. Intercon – Sociedade

Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação. X Congresso de Ciências da

Comunicação na Região Sul. Blumenau. 2009.

24 visualizações0 comentário

Posts recentes

Ver tudo

Comentarios


bottom of page