Contar histórias é a mais antiga das artes. São meios de ampliar o horizonte (não só da
criança) do sujeito e aumentar seu conhecimento em relação ao mundo que a cerca.
É através do prazer ou emoções que as histórias lhes proporcionam que o simbolismo,
implícito nas tramas e personagens, vai agir em seu inconsciente; trazendo compreensão de
certos valores básicos da conduta humana ou do convívio social. É importante deixar claro
que nem toda história precisa dar lição de moral ou conduta no final. A contação tem o
intuito de ser um momento de prazer e diversão, pois desperta na criança o lado lúdico, a
imaginação, criatividade característica muito importante para seu desenvolvimento.
Além do gosto pela leitura e pela linguagem, criando empatia com os personagens. Segundo
Aguiar (2004)
[...] “Podemos definir a leitura como uma atividade de percepção e interpretação dos sinais gráficos
que se sucedem de forma ordenada, guardando entre si relações de sentido. Ler assim não é apenas
decifrar palavras, mas perceber sua associação lógica, o encadeamento dos pensamentos, as
relações entre eles e o que é mais importante, assimilar as ideias e as intenções do autor, relacionar
o que foi apreendido com os conhecimentos anteriores sobre o assunto, tomando posições com
espírito crítico e utilizar conteúdos adquiridos em novas situações." (p. 61)
As histórias instruem, ao enriquecer o vocabulário infantil, amplia seu mundo de ideias e
estimulam o desenvolvimento da atenção, da imaginação, observação, memória, reflexão e
linguagem. As histórias muitas vezes, aliviam as sobrecargas emocionais e auxiliam a
resolver conflitos emocionais próprios.
O que o narrador precisa entender?
Que antes de sensibilizar o ouvinte, o conto precisa sensibilizar o narrador, porque é ele que
vai transmitir a historia. Para auxiliar o narrador, podemos utilizar o recurso das técnicas
teatrais. O contador tem que ter percepção, direção, noções de tempo e espaço, ritmo,
energia e assim tornar a narrativa viva; é preciso perceber cada passagem do texto e senti-lo
como parte integrante de sua essência. Por isso os jogos dramáticos podem ajudar com
atividades de interpretação, construção da personagem, vivência de situações. Assim como
o ator no processo de construção de seu personagem, o narrador deve posicionar-se e saber
quais são os objetivos, o porquê de contar histórias, para quem conta quais as
características, o que o impede de chegar ao seu objetivo, para onde vai, quem é.
A partir do uso dessas técnicas o indivíduo (narrador) passa a compreender e ampliar sua
visão do mundo, sendo assim, se expressando melhor pelo movimento do corpo, voz e
sentimentos mais profundo, dando a sua performance um toque de originalidade.
Como explica Busatto (2003): "são essas identificações entre narrador X conto narrado que
fazem a diferença; ou existe essa integração, ou a narrativa deixa de ser uma experiência
compartilhada, e passa a ser um simples repasse de informação, e nesse caso a história nem
precisaria ser contada." (p. 48)
Mesmo considerando todos esses benefícios, devemos estar atentos a algumas evidências
que fazem à diferença na hora de contar. Contar histórias é diferente de representar
histórias. O teatro apresenta ações... A narrativa as descreve. Reservamos ao ouvinte a
possibilidade de imaginar os personagens e suas ações. Numa narrativa nos apropriamos dos
elementos do teatro, mas com moderação. No teatro buscamos o gesto exato de cada
personagem, sua voz, seu pensamento, de tal maneira que ele se apresente inteiro para
quem esteja assistindo. Na narrativa este personagem será concebido pelo ouvinte através
dos elementos oferecidos pelo narrador, muitas vezes não mais que meia dúzia de palavras,
as quais fornecem elementos suficientes para que o personagem crie vida na imaginação do
ouvinte. (BUSATTO, 2003:74)
Rafaela Federici
Arte Educadora/ Atriz
Referência:
AGUIAR, V. T. de. Conceito de leitura. In: CECCANTINI, J. L. C. T.; PEREIRA, R. F.; ZANCHETTA Jr. (Org.) Pedagogia
cidadã: cadernos de formação: Língua Portuguesa. São Paulo: UNESP, Pró-Reitoria de Graduação, 2004. (vol 1)
p. 61-75.
Acessado 17-06-2020 às 13h28min - www.lendo.org/guia-definitivo-contacao-historias/
BUSATTO, Cléo. Contar e encantar: pequenos segredos da narrativa. 3. Ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2003.
REVERBEL, Olga. Jogos teatrais na escola: atividades globais de expressão. São Paulo: Scipione, 1989.
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