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Foto do escritorCaio Cuadrado

TEATRO - O papel da maquiagem no teatro.

Atualizado: 12 de fev. de 2021

A maquiagem é parte da composição do espetáculo, é um instrumento

fundamental que auxilia na criação do personagem e na transformação estética

dos atores.


Vamos voltar um pouco no tempo para saber da onde surgiu.

Há indícios de que nos ritos religiosos ancestrais na Grécia nos cortejos em

louvor ao deus pagão Dioniso, os participantes usavam a borra do vinho no

rosto ou passavam farinha ou argila branca, como um ato simbólico de

semelhança ao deus, esses homens pintavam o rosto, mas não havia uma

consciência de que era uma maquiagem ou o fazer teatral, e, sim, de entrar em

contato com as divindades. Desta forma criava pinturas diversas no rosto, com

materiais extraídos da natureza, para conceber uma caracterização do que

acreditavam ser essas divindades, e assim, tornando possível através destas

manifestações, um reconhecimento e uma identificação entre divindades e

seres humanos, viabilizando assim, um contato com os deuses.

Passado um tempo essa “maquiagem” desaparece com a construção dos

grandes teatros, surgindo a partir de uma nova forma de comunicação entre o

palco e a plateia; a máscara que permite essa nova interação.

A máscara é um acessório utilizado no teatro até hoje, têm uma função

primordial: a de chamar a atenção e aproximar o público, da ação teatral que

está sendo apresentada. As máscaras expressivas são estilizadas e

carregadas nos traços, formas, cores e texturas, para chamar a atenção do

público, sintetizando ao máximo as informações contidas sobre o caráter dos

personagens.


A máscara no teatro grego – Nos primórdios do teatro ocidental, quando este

surgiu no século VI a.C. como forma espetacular, a máscara era um elemento fundamental na encenação, com a função de ampliação sonora e visual,

potencializando o trabalho do ator em cena através das suas expressões, e

com o propósito de fixar tipos que facilitavam identificação dos personagens

pelo público. Desde o teatro grego antigo a máscara já podia ser encarada

como algo que ia além de um mero adereço Jean Jacques Roubine afirma:

A máscara acentua e esquematiza os traços do rosto. Na dramaturgia grega ela assumia, ao que parece, uma tripla função: amplificação visual, permitindo ao espectador mais distante uma apreensão satisfatória do personagem; ampliação sonora na medida em que ela podia servir de auto falante; ampliação estética.


Tudo começou assim, agora a maquiagem artística é muito além de rápidas

pinceladas para cobrir imperfeições da pele, ela se destaca como um dos

importantes elementos de criação da linguagem cênica e requer reflexão

estética, pesquisa e elaboração. O trabalho com maquiagem auxilia atores,

dançarinos, artistas circenses entre tantas outras formas de arte a exprimirem

emoções e o caráter simbólico de seus personagens. Variando entre criações

realistas ou poéticas, a maquiagem cênica pode ajudar a transmitir mensagens

na cena, quando colocada de maneira forte e pertinente com o espetáculo.

A atriz Cyntia Carla explica que a maquiagem está diretamente ligada ao corpo,

à pele do ator e pode potencializar sua expressividade além de aproximá-lo das

características físicas e simbólicas da personagem. Quando o ator entende e

tem domínio do que a maquiagem representa para uma proposta cênica, pode

dominar suas características e acentua-las em cena. As maiores variações são

conforme a distância do público, necessidade de aproximação com o real ou

destaque de estruturas simbólicas propostas pela encenação. Reforçando as

características dos personagens, caracteriza e descaracteriza indivíduos e

possibilita a criação de seres diferentes, além de valorizar a interpretação

através dos traços expressivos.


Para o artista no palco a maquiagem é tão importante quanto a cenografia, o figurino, a luz, a expressão corporal, o texto ou a emoção articulada por um ator no momento do espetáculo. Todos estes elementos se unem para compor uma atmosfera de textos visíveis e invisíveis para o espectador.


“Estamos rodeados por imagens o tempo inteiro em todos os lugares e nossa leitura do

mundo é atravessada radicalmente pelas sensações produzidas pelo que

vemos. Na cena, o mesmo acontece. A maquiagem pode caracterizar um

personagem antes mesmo que o ator fale uma palavra ou execute qualquer

movimento”.


Rafaela Federici

Educadora/ Atriz


Referencia

SOUZA. Jesus F. Vivas. A maquiagem na construção da personagem. Salvador, BA, PPGAC-

UFBA, 2004.

https://ociclorama.com/maquiagem-cenica-e-a-criacao-teatral/ Acessado: dia 15/07/2020 as

16:48

STRENKOVSKY, Serge. The art of make-up. New York: E.P. Dutton & Company, 1937.

PETRI, José. Degrade de Luz e sombra. São Paulo, SP, 2011. Fonte:

http://www.josepetri.com.br/ Acesso em 15/07/2020

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