“Agora chega de brincar, primeiro vá estudar e depois pode brincar mais!”
Quem nunca ouviu essa frase antes, com tom de que o estudo é mais importante do que a brincadeira? No senso comum, o pensamento expresso nessa frase é muito presente. Muitos acreditam realmente que estudar é mais importante do que brincar. Será mesmo? É muito comum fazermos a separação entre estudar e brincar, mas é possível pensar de outra forma. Estudos na área de psicologia e pedagogia comprovam que o ato de brincar não se resume apenas ao lazer e à diversão, mas agrega na vida da criança diversos aspectos positivos de seu desenvolvimento. Brincar faz parte da vivência humana em todas as culturas, seja através de brinquedos, brincadeiras ou de jogos. Pesquisas apontam para a descoberta de brinquedos no período pré-histórico, ou seja, antes mesmo do surgimento da linguagem escrita linear. Precisamos pensar, a partir dessas informações, que brincar é fundamental para o ser humano. Como dissemos, a brincadeira não é apenas um divertimento, mas também uma forma da criança explorar e descobrir o mundo ao seu redor, ao mesmo tempo em que constrói para si a realidade do mundo e a forma como vai enxergá-lo. Seja através do corpo dos pais ou de seu próprio corpo, nos primeiros meses de vida, ou por meio de objetos que se tornam brinquedos, ou ainda por brinquedos propriamente, a criança é estimulada de várias formas diferentes – fisicamente, visualmente, socialmente, emocionalmente, em sua coordenação motora, etc. Na brincadeira a criança aprende amplamente sobre expressar-se, sobre o convívio social, respeito, regras e também sobre assuntos escolares como matemática e linguagens.
Falando sobre brinquedos, podemos observar hoje em dia vários modelos, opções e tipos, ou seja, uma infinidade de brinquedos à disposição para compra. Isso porque o brinquedo é também produto, mercadoria. O mundo capitalista tende cada vez mais a aumentar a possibilidade de produtos, aumentando também o ritmo de consumo com a finalidade de lucro. Podemos perceber ainda que as crianças têm utilizado muito os recursos tecnológicos, como tablets e smatphones, o que é muito benéfico, pois permite à criança se divertir e aprender ao mesmo tempo, através de jogos, vídeos, animações, etc. Mas será que seu desenvolvimento completo pode acontecer com esses recursos? É neste ponto que destacamos a importância de brincar de Lego.
Os brinquedos Lego surgiram em meados da década de 1920 na Dinamarca, sendo produzidos inicialmente de madeira. A fábrica foi expandindo até que substituiu as peças de madeira pela produção em plástico, criando posteriormente os manuais com sugestões de montagem e também as linhas educativas na década de 1980. Com a expansão da marca foram estabelecidos objetivos para os brinquedos Lego. Deveriam ser brinquedos seguros, de qualidade, proporcionar a diversão ilimitada e estimular a imaginação, a criatividade e o desenvolvimento das crianças de todas as idades. Tudo isso através dos famosos “tijolinhos” de plástico, e afinal, quem nunca foi apaixonado por brincar de Lego? Mas atentamos aqui, novamente, àquela reflexão inicial: será que brincar [de Lego] se resume somente à diversão? Aplicando oficinas de Lego para crianças é possível perceber na prática o quanto o Lego contribui para o desenvolvimento da criança. Dentre vários aspectos estimulados, destacamos:
• Aspectos psicossociais: tolerância, respeito às regras, respeito ao espaço e material do outro, autonomia, etc.;
• Aspectos psicopedagógicos: pareamento de cores, pareamento de formas geométricas, contagem, interpretação de linguagem visual (figuras), etc.;
• Aspectos psicomotores: organização temporal, organização espacial, coordenação motora fina, lateralidade, etc. Respondendo então ao nosso questionamento sobre a importância real do brincar, não há dúvidas que é fundamental para o desenvolvimento infantil. O Lego é um brinquedo muito rico que auxilia nesse desenvolvimento, além de estimular a ludicidade. Precisamos aproveitar para brincar mais, seja com Lego, com outros brinquedos, com brincadeiras ou com jogos.
Luís Fernando Saab
Educador Social de Arte e Cidadania
Instituto Sementinha/ CEU das Artes
Referências:
CHATEAU, Jean. O Jogo e a criança. São Paulo: Summus, 1987.
WEISS, Luise. Brinquedos & engenhocas: Atividades lúdicas com sucata. São Paulo: Scipione, 1989.
https://www.psicologia.pt/artigos/ver_opiniao.php?a-importancia-do-brincar-no-desenvolvimento-da-crianca&codigo=AOP0394 https://neurosaber.com.br/entenda-as-areas-psicomotoras-e-como-estimular-cada-uma-delas/amp/.
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